Terra de Ninguém. Num formato guerra é sinónimo de um lugar disputado por diferentes partes, sem definição ou certeza em relação a quem realmente pertence. Ao deambular pelo território das Aldeias do Xisto, bem no centro de Portugal, entre o Tejo e a Serra da Estrela, senti que existiam muitas terras de ninguém. Talvez num sentido positivo de uma “terra de ninguém”. Aldeias sem nome e sem dono, selvagens e com a sua liberdade intocável.

Existem lugares que não cabem nos mapas. São minúsculos, mas de uma grandeza simbólica tão grande que não cabem em algo terreno. No último mês caminhei quilómetros sem fim, entre serras e vales, entre ribeiras e florestas, entre vilas e aldeias. Aldeias classificadas, que estão nos roteiros, que recebem pessoas. Mas entre todos esses lugares, e no mesmo território, existem estas aldeias, onde o movimento de pessoas é escasso, onde a natureza preenche todos os espaços. Não sei o nome de nenhuma, o GPS não indicou, não existia nenhuma placa no inicio e final da aldeia. Talvez o encanto, nesta incerteza, ainda seja maior. Permite sonhar. Permite que mantenham quase inacessíveis, permite que se mantenham como uma espécie de segredo na sombra de outros segredos já revelados. Permite que mantenham como território não reclamado, como uma terra de ninguém.   

 

 

Esta história pertence ao projeto Retratos do Centro de Portugal. Vão ser construídos 365 retratos, 365 pequenas histórias, sobre toda a grande Região Centro de Portugal. Podem consultar todos os retratos aqui.

 

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