PESO DA RÉGUA

De coração que escrevo isto. Existem lugares que contam um bocadinho da história de todos nós, portugueses. Existem lugares que me fazem quase ir às lágrimas, de tanto orgulho que tenho em ser do meu país. A Quinta do Vallado, Peso da Régua e toda a região do Douro Vinheiro, quase como uma boneca matrioska, cada um com a sua especificidade, vão encaixando na perfeição, para no final apresentarem um quadro de invulgar beleza. 

Sou ribatejano. Nasci e cresci no Ribatejo. Não tenho qualquer memória da região do Douro na minha infância. Cresci a ver família a fazer vinho (caseiro). Cresci a ir com o meu Pai à adega do vizinho comprar vinho (ainda hoje, o cheiro particular daquela adega, faz parte das minhas memórias). Sempre soube que era das uvas que faziam o vinho e sempre tive um certo fascínio pela vinha. O tempo foi passando e eu fui crescendo. Passei a ser eu a ir à adega provar o vinho novo de amigos, quase sempre com um belo queijinho a acompanhar. Muitas histórias e memórias se passaram à volta do vinho. Muito mais do que aromas, texturas ou técnicas. Apesar de estar sempre presente e de o respeitar. Sim, ao vinho. Na minha juventude, nunca o vi como muito mais do que um elemento. Anos mais tarde, já perto dos 30, comecei a nutrir um sentimento diferente pela terra e pelo que é criado através dela. Muito fruto das viagens que fui fazendo, e das (grandes) alterações que elas foram provocando na minha forma de olhar para o Mundo. Num ápice, passei a identificar o vinho como forma viajar. Comecei por incluir as vinhas e adegas perto de minha casa, nas minhas voltas “caseiras” de bicicleta. Passei a assistir, e a vibrar, com o mudar de cor das vinhas. E comecei, também eu, a passar pela adega a comprar. Quase com a mesma velocidade, percebi que o próprio vinho é uma história, tão grande como as histórias que ele proporciona à mesa. É a história da particularidade das terras onde é plantada a vinha, a história de quem a planta e a história de quem faz o vinho. E com isto, também percebi, que não estava a falar de meia dúzia de pessoas. Percebi que estava a falar de um povo que gravita à volta desta história do vinho. Rapidamente, transportei a vivência que sentia nas viagens perto de casa, para o resto do País. Primeiro, por uma questão de proximidade e também de escala, no Alentejo. E como vibrei na viagem que fiz de bicicleta, entre minha casa e o Algarve, com a passagem pelas vinhas de Borba ou Pias. Ainda hoje, cada vez que bebo um vinho dessas regiões, recordo da minha simples passagem de bicicleta pelas suas vinhas, em pleno mês de Agosto. Quase a rebentar a época da vindima. Depois, o sentimento foi-se alastrando. Mesmo sem conhecer a região, sempre que comprava uma garrafa, mais do que a casta, gostava de saber a história da família que o produz o néctar. E falando na história da família e porque o vinho também tem essa particularidade, que nos fazem sentir afecto. Numa outra viagem que fiz de bicicleta por Portugal, comecei em Bragança, atravessei  o Oeste interior de Trás-os-Montes (aquela parte dura e arida), e depois de quase 3 dias a pedalar, numa longa descida à saída de Torre de Moncorvo, dou de caras com rio Douro. Ainda hoje recordo esse momento, com um carinho que nem imaginam. Estava a viajar sozinho, tinha passado por um autêntico cabo das tormentas nos dias anteriores, e ver o Douro naquele momento foi reconfortante. Parei a bicicleta junto ao rio, para umas fotografias, e do outro lado do rio, vejo uma vinha lindíssima, já com as cores do Outono, a seguir o curso do rio e a galgar o pequeno vale onde estava plantada. Juro que fiquei largos minutos a deixar o tempo passar e a viver aquele momento. Foi a minha primeira grande memória que construí sobre o Douro. Agora a família. A quinta à qual pertencia era o Vale Meão. Horas mais tarte percebi que pertencia a descendentes diretos da Dona Antónia Ferreira. A minha cabeça nesse momento fez 100 viagens no tempo e imaginou 1000 histórias. Nesse momento, se alojou na minha memória o nome Quinta do Vallado. Que tal como o Vale Meão, pertence a descendentes diretos da primeira (ou a mais conhecida) grande empreendedora de vinhos que Portugal conheceu. Quis o destino (e mais 3 ou 4 coisas) que anos mais tarde estivesse na adega da Quinta do Vallado, a beber vinho do Porto e a ouvir histórias sobre vinho (e sobre povos, terras e famílias).

A minha recente história com a Quinta do Vallado, começa na estação de comboios de Peso da Régua. Local de chegadas e partidas, e como é deslumbrante o percurso de comboio ao longo do rio, mas sobretudo de contemplação da bonita cidade de Peso da Régua. Não sei se este sentido é activado por elementos visuais, não sei se acontece a mais alguém, para mim, esta cidade cheira a vinho. É magnífico chegar. Sentir a energia dos turistas, a maioria brasileiros, que com seu ar de espanto e satisfação, ainda me fazem valorizar ainda mais este lugar. Por outro lado, também é com prazer que vejo o ar de altivez e de orgulho dos locais. Faz-me sentir ainda mais orgulho, por este lugar também ser um bocadinho meu. Caminho ao longo da estação e sigo para Norte, em direção a Santa Marta de Penaguião, contornando a cidade pelas vinhas que a envolvem. Sim, a caminhar. Caminho junto ao rio. Do lado Sul ergue-se o homem da capa negra, quase como uma espécie de Cristo Rei dos vinhos, a abençoar a cidade. Sigo pelo centro da cidade e começo a ganhar altitude. A partir desse momento o meu caminho transforma-se em pequenos anfiteatros, de onde é possível vislumbrar o Douro de diferentes ângulos. Com a progressão para Norte, quase imerso pelas vinhas, o rio passa de um gigante, para uma bonita silhueta, mas sem nunca perder a sua graça. É realmente um elo de ligação de toda esta gente. Aqui não há concelhos de Vila Real, Viseu ou Bragança. É região do Douro. Quase como uma religião. Continuo a caminhada, agora seguindo para Oeste, em direção à pequena aldeia de São Gonçalo. O objectivo era uma pequena rota (+-10km) circular, a terminar na Quinta do Vallado. Nada melhor que caminhar por um lugar para o conhecer melhor. Dá para o ver mais de perto, e para o cheirar e sentir de outra forma. É muito curioso assistir à mudança de cores da vinha, talvez provocada por diferentes exposições ao Sol, umas assumem uma cor amarela, outras com traços de verde, outras com um toque alaranjado. Ao caminhar e assistir a este espetáculo de cores, penso qual seria a melhor altura para visitar este lugar. A altura mais bonita. Na primavera, a folha assume todo o seu esplendor, onde o verde garrido é rei. No final de Verão é a altura da vindima, e as vinhas, para além da cor, ganham vida. No Outono, a vinha assume quase a forma de palete de cores. Não chego a qualquer conclusão. Mas tenho a certeza que, apesar de o caminho ser o mesmo, seriam três viagens distintas. Cada uma com diferentes sensações. Mais um encanto deste lugar.

Já no final da caminhada e a voltar a ver o Douro mais de perto. Caminho junto ao rio Corgo e à antiga linha do Corgo, que ligava Chaves à Régua. Numa zona de confluência, entre os rios Corgo e Douro, chego à histórica Quinta do Vallado. Em tons ocre, funde-se na perfeição com a vinha e também com rio. A arquitectura do espaço, apesar das linhas modernas (foi remodelada em 2009), não deixa cair as raízes deste lugar. É um lugar lindíssimo, impossível ficar indiferente. Caminho pelos jardins, em direção à recepção, caindo sempre na tentação de olhar em volta, para vinhas, para o rio. Era início de tarde, e apesar do Sol, já se sentia o frio de final de Outono. Até o frio aqui tem graça. Dá uma espécie de melancolia charmosa a este lugar. Lá chego à recepção. Muito simpáticos e profissionais. Todos conhecem bem a história do lugar onde trabalham. Fico com o quarto Vila Cova. Percebo que todos os quartos têm nome de vinhas. Sigo para o meu quarto, entre bonitas salas, todas elas com grandes envidraçados, que formam uma espécie de quadro, onde surge a vinha em pano de fundo. O quatro, bonito, moderno e, sobretudo, muito confortável. Com varanda com vista para a vinha. Apenas serviu no momento, para um breve banho, trocar de roupa e seguir para a visita a adega e prova de vinhos. 

A adega fica a cerca 100 metros do edifício onde estou. É delicioso caminhar por aqui. Mais uma vez, sinto a presença da Dona Antónia, por aqui. Sinto que o meu olhar se cruzou várias vezes com o dela. Sim, é uma mania que eu tenho. Não posso ir a lado nenhum sem viajar no tempo, sem tentar olhar para lugares, da mesma forma, que outros no passado olharam. A adega é recente e tecnologicamente avançada. Acredito que a Dona Antónia iria-se sentir orgulhosa. Sigo na visita à adega, muito bem conduzida. Sem grandes pormenores técnicos, que a mim pouco interessam, mas com muitas histórias interessantes. Curioso saber que o enólogo da Quinta do Vallado é Francisco Olazabal. O dono da Quinta do Vale Meão. Rapidamente voltei à minha viagem de bicicleta. A ligação que fiz entre Vale Meão e o Vallado na altura, ficou certificada. Mais uma vez um dos temas fortes que me ligam, de uma forma cada vez mais intensa, aos vinhos. Família. São feitos em família. Isto não é ternurento? Ok, pode ser um negócio de milhões. E ainda bem que o é. Mas não o sinto como uma fábrica ou um linha de produção. Sinto que cada garrafa é uma história, com centenas de anos. Acabo a visita a provar os vinhos da Quinta do Vallado. Tintos, brancos e portos. Ainda por cima são muito bons. Pelo menos para minha boca. Senti que a partir daquele momento, todos o vinhos que irei beber da Quinta do Vallado, seja no Peso da Régua ou na China, me irei lembrar desta história, deste lugar, deste dia e, sobretudo, desta família.

Saí já noite da adega. Caminhei, sozinho e em completo silêncio, pela Quinta. Que lugar. Jantei no restaurante da Quinta do Vallado. Entre pratos e vinhos, senti-me um verdadeiro sortudo. Que belas memórias que tinha criado acerca deste lugar. E o melhor das viagens (e da vida) não são as memórias?

Amanhã era dia de seguir viagem para o Pinhão e para o seu Vintage House.

De coração que escrevo isto. Existem lugares que contam um bocadinho da história de todos nós, portugueses. Existem lugares que me fazem quase ir às lágrimas, de tanto orgulho que tenho em ser do meu país. A Quinta do Vallado, Peso da Régua e toda a região do Douro Vinheiro, quase como uma boneca matrioska, cada um com a sua especificidade, vão encaixando na perfeição, para no final apresentarem um quadro de invulgar beleza. 

Sou ribatejano. Nasci e cresci no Ribatejo. Não tenho qualquer memória da região do Douro na minha infância. Cresci a ver família a fazer vinho (caseiro). Cresci a ir com o meu Pai à adega do vizinho comprar vinho (ainda hoje, o cheiro particular daquela adega, faz parte das minhas memórias). Sempre soube que era das uvas que faziam o vinho e sempre tive um certo fascínio pela vinha. O tempo foi passando e eu fui crescendo. Passei a ser eu a ir à adega provar o vinho novo de amigos, quase sempre com um belo queijinho a acompanhar. Muitas histórias e memórias se passaram à volta do vinho. Muito mais do que aromas, texturas ou técnicas. Apesar de estar sempre presente e de o respeitar. Sim, ao vinho. Na minha juventude, nunca o vi como muito mais do que um elemento. Anos mais tarde, já perto dos 30, comecei a nutrir um sentimento diferente pela terra e pelo que é criado através dela. Muito fruto das viagens que fui fazendo, e das (grandes) alterações que elas foram provocando na minha forma de olhar para o Mundo. Num ápice, passei a identificar o vinho como forma viajar. Comecei por incluir as vinhas e adegas perto de minha casa, nas minhas voltas “caseiras” de bicicleta. Passei a assistir, e a vibrar, com o mudar de cor das vinhas. E comecei, também eu, a passar pela adega a comprar. Quase com a mesma velocidade, percebi que o próprio vinho é uma história, tão grande como as histórias que ele proporciona à mesa. É a história da particularidade das terras onde é plantada a vinha, a história de quem a planta e a história de quem faz o vinho. E com isto, também percebi, que não estava a falar de meia dúzia de pessoas. Percebi que estava a falar de um povo que gravita à volta desta história do vinho. Rapidamente, transportei a vivência que sentia nas viagens perto de casa, para o resto do País. Primeiro, por uma questão de proximidade e também de escala, no Alentejo. E como vibrei na viagem que fiz de bicicleta, entre minha casa e o Algarve, com a passagem pelas vinhas de Borba ou Pias. Ainda hoje, cada vez que bebo um vinho dessas regiões, recordo da minha simples passagem de bicicleta pelas suas vinhas, em pleno mês de Agosto. Quase a rebentar a época da vindima. Depois, o sentimento foi-se alastrando. Mesmo sem conhecer a região, sempre que comprava uma garrafa, mais do que a casta, gostava de saber a história da família que o produz o néctar. E falando na história da família e porque o vinho também tem essa particularidade, que nos fazem sentir afecto. Numa outra viagem que fiz de bicicleta por Portugal, comecei em Bragança, atravessei  o Oeste interior de Trás-os-Montes (aquela parte dura e arida), e depois de quase 3 dias a pedalar, numa longa descida à saída de Torre de Moncorvo, dou de caras com rio Douro. Ainda hoje recordo esse momento, com um carinho que nem imaginam. Estava a viajar sozinho, tinha passado por um autêntico cabo das tormentas nos dias anteriores, e ver o Douro naquele momento foi reconfortante. Parei a bicicleta junto ao rio, para umas fotografias, e do outro lado do rio, vejo uma vinha lindíssima, já com as cores do Outono, a seguir o curso do rio e a galgar o pequeno vale onde estava plantada. Juro que fiquei largos minutos a deixar o tempo passar e a viver aquele momento. Foi a minha primeira grande memória que construí sobre o Douro. Agora a família. A quinta à qual pertencia era o Vale Meão. Horas mais tarte percebi que pertencia a descendentes diretos da Dona Antónia Ferreira. A minha cabeça nesse momento fez 100 viagens no tempo e imaginou 1000 histórias. Nesse momento, se alojou na minha memória o nome Quinta do Vallado. Que tal como o Vale Meão, pertence a descendentes diretos da primeira (ou a mais conhecida) grande empreendedora de vinhos que Portugal conheceu. Quis o destino (e mais 3 ou 4 coisas) que anos mais tarde estivesse na adega da Quinta do Vallado, a beber vinho do Porto e a ouvir histórias sobre vinho (e sobre povos, terras e famílias).

A minha recente história com a Quinta do Vallado, começa na estação de comboios de Peso da Régua. Local de chegadas e partidas, e como é deslumbrante o percurso de comboio ao longo do rio, mas sobretudo de contemplação da bonita cidade de Peso da Régua. Não sei se este sentido é activado por elementos visuais, não sei se acontece a mais alguém, para mim, esta cidade cheira a vinho. É magnífico chegar. Sentir a energia dos turistas, a maioria brasileiros, que com seu ar de espanto e satisfação, ainda me fazem valorizar ainda mais este lugar. Por outro lado, também é com prazer que vejo o ar de altivez e de orgulho dos locais. Faz-me sentir ainda mais orgulho, por este lugar também ser um bocadinho meu. Caminho ao longo da estação e sigo para Norte, em direção a Santa Marta de Penaguião, contornando a cidade pelas vinhas que a envolvem. Sim, a caminhar. Caminho junto ao rio. Do lado Sul ergue-se o homem da capa negra, quase como uma espécie de Cristo Rei dos vinhos, a abençoar a cidade. Sigo pelo centro da cidade e começo a ganhar altitude. A partir desse momento o meu caminho transforma-se em pequenos anfiteatros, de onde é possível vislumbrar o Douro de diferentes ângulos. Com a progressão para Norte, quase imerso pelas vinhas, o rio passa de um gigante, para uma bonita silhueta, mas sem nunca perder a sua graça. É realmente um elo de ligação de toda esta gente. Aqui não há concelhos de Vila Real, Viseu ou Bragança. É região do Douro. Quase como uma religião. Continuo a caminhada, agora seguindo para Oeste, em direção à pequena aldeia de São Gonçalo. O objectivo era uma pequena rota (+-10km) circular, a terminar na Quinta do Vallado. Nada melhor que caminhar por um lugar para o conhecer melhor. Dá para o ver mais de perto, e para o cheirar e sentir de outra forma. É muito curioso assistir à mudança de cores da vinha, talvez provocada por diferentes exposições ao Sol, umas assumem uma cor amarela, outras com traços de verde, outras com um toque alaranjado. Ao caminhar e assistir a este espetáculo de cores, penso qual seria a melhor altura para visitar este lugar. A altura mais bonita. Na primavera, a folha assume todo o seu esplendor, onde o verde garrido é rei. No final de Verão é a altura da vindima, e as vinhas, para além da cor, ganham vida. No Outono, a vinha assume quase a forma de palete de cores. Não chego a qualquer conclusão. Mas tenho a certeza que, apesar de o caminho ser o mesmo, seriam três viagens distintas. Cada uma com diferentes sensações. Mais um encanto deste lugar.

Já no final da caminhada e a voltar a ver o Douro mais de perto. Caminho junto ao rio Corgo e à antiga linha do Corgo, que ligava Chaves à Régua. Numa zona de confluência, entre os rios Corgo e Douro, chego à histórica Quinta do Vallado. Em tons ocre, funde-se na perfeição com a vinha e também com rio. A arquitectura do espaço, apesar das linhas modernas (foi remodelada em 2009), não deixa cair as raízes deste lugar. É um lugar lindíssimo, impossível ficar indiferente. Caminho pelos jardins, em direção à recepção, caindo sempre na tentação de olhar em volta, para vinhas, para o rio. Era início de tarde, e apesar do Sol, já se sentia o frio de final de Outono. Até o frio aqui tem graça. Dá uma espécie de melancolia charmosa a este lugar. Lá chego à recepção. Muito simpáticos e profissionais. Todos conhecem bem a história do lugar onde trabalham. Fico com o quarto Vila Cova. Percebo que todos os quartos têm nome de vinhas. Sigo para o meu quarto, entre bonitas salas, todas elas com grandes envidraçados, que formam uma espécie de quadro, onde surge a vinha em pano de fundo. O quatro, bonito, moderno e, sobretudo, muito confortável. Com varanda com vista para a vinha. Apenas serviu no momento, para um breve banho, trocar de roupa e seguir para a visita a adega e prova de vinhos. 

A adega fica a cerca 100 metros do edifício onde estou. É delicioso caminhar por aqui. Mais uma vez, sinto a presença da Dona Antónia, por aqui. Sinto que o meu olhar se cruzou várias vezes com o dela. Sim, é uma mania que eu tenho. Não posso ir a lado nenhum sem viajar no tempo, sem tentar olhar para lugares, da mesma forma, que outros no passado olharam. A adega é recente e tecnologicamente avançada. Acredito que a Dona Antónia iria-se sentir orgulhosa. Sigo na visita à adega, muito bem conduzida. Sem grandes pormenores técnicos, que a mim pouco interessam, mas com muitas histórias interessantes. Curioso saber que o enólogo da Quinta do Vallado é Francisco Olazabal. O dono da Quinta do Vale Meão. Rapidamente voltei à minha viagem de bicicleta. A ligação que fiz entre Vale Meão e o Vallado na altura, ficou certificada. Mais uma vez um dos temas fortes que me ligam, de uma forma cada vez mais intensa, aos vinhos. Família. São feitos em família. Isto não é ternurento? Ok, pode ser um negócio de milhões. E ainda bem que o é. Mas não o sinto como uma fábrica ou um linha de produção. Sinto que cada garrafa é uma história, com centenas de anos. Acabo a visita a provar os vinhos da Quinta do Vallado. Tintos, brancos e portos. Ainda por cima são muito bons. Pelo menos para minha boca. Senti que a partir daquele momento, todos o vinhos que irei beber da Quinta do Vallado, seja no Peso da Régua ou na China, me irei lembrar desta história, deste lugar, deste dia e, sobretudo, desta família.

Saí já noite da adega. Caminhei, sozinho e em completo silêncio, pela Quinta. Que lugar. Jantei no restaurante da Quinta do Vallado. Entre pratos e vinhos, senti-me um verdadeiro sortudo. Que belas memórias que tinha criado acerca deste lugar. E o melhor das viagens (e da vida) não são as memórias?

Amanhã era dia de seguir viagem para o Pinhão e para o seu Vintage House.

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