Tal como acontece na minha relação com (algumas) pessoas, onde crio uma empatia imediata, o mesmo acontece com lugares e com histórias. Foi isso que aconteceu, assim que entrei na Mercearia Gadanha, em Estremoz. Empatia imediata. Depois de provar a comida…bem, aí ficámos amigos para a vida.

A nossa (minha e da minha Liliana) experiência na Mercearia Gadanha:

Chegamos a Estremoz a rondar a hora de jantar e com a fome a apertar e, porque, no Alentejo vale tudo menos passar fome. Foi deixar as malas no quarto (Pateo dos Solares) e seguir para jantar. Existem várias hipóteses para se comer bem em Estremoz (Alentejo, lembram-se 😉 ), mas houve uma que me chamou logo a atenção. Mercearia Gadanha.

Antiga mercearia transformada em restaurante, que na verdade não é só um restaurante, também continua a ser uma mercearia, que procura oferecer o melhor e mais genuíno que a região tem para oferecer, que mistura o passado com o futuro, feito por uma equipa de gente nova, alentejana, sem medo nenhum de arriscar…e mais, as fotos das suas sobremesas, na página de Facebook, apesar de já convencido, por tudo o resto que evidenciei, me fizeram soltar um, utilizando uma expressão de leiloeiro, “arrematado!”. Era este o restaurante perfeito para o nosso jantar. Isto foi o antes, já cheio de entusiasmo, mas garanto, o durante foi bem melhor. Best of, com entrada direta para os meus favoritos.

Entra-se pela mercearia, é-se recebido de sorriso na cara e com aquele sotaque característico. Depois de sentar à mesa…bem, aí, é deixar a magia acontecer. Queijinhos, pãozinhos, manteigas disto e daquilo, azeitonas de várias cores, enchidos do melhor, enchidos com ovos mexidos, que sabem ainda melhor, e o vinho? Aí o vinho! Parece que liga com aquilo tudo e faz o tempo parar. Não existem horas. Apenas comida, bebida e uma boa conversa. Estava mais que convencido e ainda não tinham chegado os pratos principais. Lombo de Novilho, para mim e Mil-Folhas de Bacalhau, para a Liliana (mas a meio já não se sabia de quem era o prato de quem, partilha no seu máximo fulgor). O novilho estava muito bom, mas o bacalhau rebentou com tudo. Aquela velha máxima “os olhos também comem”, aqui, aplica-se na perfeição. Um prato tão bonito, que até deu pena desconstruir (é claro, que depois de começar a comer, nunca mais me lembrei disso). Mas tinha tanto de bonito como de saboroso. Uma visão futurista de um clássico alentejano.

Se num outro contexto teria deixado passar a sobremesa, aqui não podia ser. Relembro que tinham sido as fotos da sobremesa que influenciaram a minha escolha. Apesar de, naquele momento, já apresentar semelhanças com o Sancho Pança, de tanto (e tão bem) que comi, avancei para a sobremesa. “Chocolate e Avelã ’15”, era este o nome da escolhida. Tão bom. Só por vergonha, não pedi mais uma dose para levar para o hotel num tupperware e comer quando me passasse o inchaço na barriga.

Que lugar fantástico. Para ir e voltar…para ir e voltar. 

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