Depois de um dia passado em Idanha-a-Velha, a cruzar olhares e histórias, com os locais que toda a vida ali viveram, com os turistas que por ali circulam, e com os artistas e criativos, que por ali se inspiram, fiquei com aquela sensação que tinha acabado de sair de uma viagem com várias camadas. Não acredito que existam no mundo muitos lugares como este. Onde um exíguo espaço dimensional, contempla histórias de épocas tão distintas e tão bem contadas. Ao sair da aldeia pela Porta Norte, já com noite a tomar o lugar do dia, imagino o último romano a sair da aldeia. Talvez tenha partido em direção a Mérida, talvez tenha partido a lamentar nunca mais poder voltar a ver a sua Egitânia (antiga denominação da aldeia), talvez tenha partido para conquistar outra cidade, ou talvez tenha saído amordaçado e prisioneiro de um grupo de bárbaros vindos no Norte da Europa. Por acaso imaginei o último romano, talvez por terem sido os romanos os fundadores da aldeia. Mas também poderia ter imaginado com teria sido a saída de um bárbaro, visigodo, suevo, muçulmano, templário, ou alguém da casa real portuguesa, ou alguém da abastada família Marrocos. Percebem a graça que este lugar tem?

 

Esta história pertence ao projeto Retratos do Centro de Portugal. Vão ser construídos 365 retratos, 365 pequenas histórias, sobre toda a grande Região Centro de Portugal. Podem consultar todos os retratos aqui.

 

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