Idanha-a-Velha.

Poderia começar por enumerar os múltiplos pontos de interesse histórico que a aldeia tem, como a Porta Norte e sua muralha adjacente, construída por romanos e recuperada por muçulmanos. Também poderia mencionar a capela de São Dâmaso, com vista para o rio Pônsul, cuja construção em 1748 visou honrar a memória o Papa Dâmaso I, Papa cujo o pontificado durou 18 anos com inicio no ano 366, que, segundo rezam as lendas, nasceu em Idanha-a-Velha, que na altura era uma cidade em ascensão do Império Romano. Já que mencionei estes dois pontos, não poderia deixar de referir a Sé Catedral ou Igreja de Santa Maria, localizada junto à porta Sul, que foi local de diferentes cultos, cristão e islâmico. Conseguem imaginar as histórias que as fundações deste magnifico edifício já viveu? E a Ponte Romana? Sim, não posso esquecer a Ponte Romana. Atravessa o rio Pônsul, com objectivo de estreitar caminho para uma importante via romana do passado, que ligava as importantes cidades de Mérida e Braga, com passagem por Idanha-a-Velha. Poderia ainda enumerar mais 10 ou 15 pontos, capazes de fazer um historiador (ou qualquer pessoa) delirar. Mas para mim, muito mais do que uma lista, interessante, de pontos de interesse, ou de monumentos visualmente impactantes para o mais ingénuo dos olhares, Idanha-a-Velha está viva, não é um museu ou algo historicamente intocável. É algo que não está parado e que ainda terá algo para acrescentar. Vivem cerca 70 pessoas nesta aldeia e apesar de tudo o que, historicamente importante, se viveu e construiu por aqui, são estas pessoas que dão sentido real a este lugar. É muito interessante assistir às conversas de algibeira entre vizinhas ou homens a deslocarem-se ao único café da aldeia, depois de um dia de trabalho, quase como um ritual. Também muito interessante é olhar para o solar apalaçado, gigante, que ocupada todo um quarteirão, bem no centro da aldeia. Apesar de inacabada, e agora abandonada, é impossível não cruzar o olhar com este espaço e imaginar o que por lá se viveu e se sonhou. É a Casa Marrocos, que pertencia a uma importante família da região do inicio do séc. XX. Portanto, será a mais recente história do legado de Idanha-a-Velha. E que, apresenta já um olhar para o futuro. Já que esta Casa Marrocos, que agora pertence ao município de Idanha-a-Velha, vai dar lugar a um hotel, que promete honrar toda esta longa e interessante vida de Idanha-a-Velha. Consta-se que a Casa Marrocos, tenha sido construída sobre um antigo Fórum Romano, com 2000 anos de (muitas) histórias a separar as duas construções.   

 

 

Esta história pertence ao projeto Retratos do Centro de Portugal. Vão ser construídos 365 retratos, 365 pequenas histórias, sobre toda a grande Região Centro de Portugal. Podem consultar todos os retratos aqui.

 

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