Passavam poucos minutos das 14 horas, de uma tarde chuvosa de Novembro. Eu e a minha Liliana chegávamos à Herdade dos Grous. Fica em Albernoa, cerca de 20km a sul de Beja. Num Alentejo profundo e genuíno.

A visita foi curta, mas intensa. O Alentejo toca sempre bem lá no fundo do meu coração ribatejano. Íamos apenas ficar o fim de semana. A viagem começa no ponto de partida de sempre, a minha Abrantes. Partimos rumo a sul, bem cedo, por um caminho que adoramos e que tantas e tantas vezes palmeamos. Pouco mais de 15km de viagem e já estamos em território alentejano, uma das magias de Abrantes, fica muito próxima de regiões com culturas bem distintas, bebendo inspiração de todas elas. Num ápice chegamos a Ponte de Sôr, primeira cidade alentejana do cardápio da viagem. É sempre delicioso percorrer a estrada entre Ponte de Sôr e Mora, onde os quilómetros junto à lindíssima barragem de Montargil pouco se fazem sentir. Certamente, já fiz esta estrada mais de 100 vezes. A admiração aumenta a cada passagem. Depois de Mora, passando por algumas pequenas aldeias, começa o Alentejo a sentir-se cada vez mais Alentejo. Paisagens sem fim, que me fazem sempre sonhar. Acho que todos temos estes “activadores” de pensamentos bons. Esta paisagem de fundo de ecrã, faz o meu tempo passar mais devagar e leva-me por outros lugares. Cerca de 1h30m de viagem, chegamos à bonita cidade de Évora. Onde a paisagem sem fim, afunila nas muralhas da cidade. Recordo os dias, da nossa passagem pela cidade no último Verão. Com o aproximar da hora de almoço e como no Alentejo é pecado ter fome. Funciona como uma espécie de santuário da comida. Resolvemos fazer um desvio no caminho, para visitar um velho conhecido. Antes de chegar a Beja, virámos em direção a Cuba, para um petisco na, muito particular, Taberna do Arrufa. É sempre uma experiência este lugar. Muito mais do que comer e beber. A distância até Albernoa, já era curta. Voltámos à estrada de Beja e, quase como um abrir e fechar de olhos, chegámos à Herdade dos Grous.

A Herdade dos Grous tem perto de 1000 hectares. Cabia lá uma cidade. Ao saírmos da estradas principal que liga Beja a Castro Verde, com o pequeno desvio para Albernoa e depois de passarmos o portão que indica o inicio da Herdade dos Grous, é como estar a entrar num universo paralelo. Onde tirando alguns pequenos pormenores (essenciais ao conforto e exigências dos tempos modernos), tudo se mantém como no passado. Diria mesmo, que lugares como este, são intemporais. Conduzo por uma estrada de terra batida, entre sobreiros, oliveiras, vinha e zonas de pastagem de gado. Esta simplicidade é um ouro difícil de alcançar. Quase que poderia dizer, que independentemente do que fosse acontecer a seguir, o objectivo da minha viagem já estava conseguido. É um desligar do mundo e conseguirmos tempo só para nós. Digam-lá se isto não é importante? Para mim, é. E tem tanto de importante como de difícil de conseguir. 

Chegámos ao edifício principal da Herdade dos Grous. Onde estava o nosso quarto, a recepção, a adega e o restaurante. A herdade, tem como ponto central uma barragem e à sua volta diversos núcleos. Três edificados e diversos pontos de interesse naturais. Dos edificados, para além daquele onde iríamos dormir (e jantar e beber), destaco o núcleo onde estão as cavalariças e inúmeros espaços (gigantes) de pastagem de cavalos. É um cenário lindíssimo. Daqueles que dá aquela vontade, bem simples, de nunca mais sair dali. Sim, viver ali para sempre. Parece que ali não existem coisas más. Sim, eu sei que é impossível.

A Herdade dos Grous, muito mais do que um lugar belíssimo para dormir e viver, é conhecida pelos seus vinhos. Que consagram o verdadeiro espírito alentejano. É claro que a visita à Herdade, “obriga” a uma visita à adega e á vinha. E foi isso que fizemos, numa viagem muito bem conduzida pelo viticultor da casa, o muito simpático Luís. É engraçado ver como nesta era digital, artes como viticultura, são admiradas e valorizadas. Tal como os cozinheiros passaram a chefs ou os gajos que fazem vinho passaram a enólogos. Também os viticultores começam a ganhar o seu espaço e ser consagrado o seu engenho. O andar do tempo, trás muitas coisas, mas felizmente também vai trazendo muitas coisas boas, esta é, certamente, uma delas. É claro que ir à adega, sem provar o vinho, é 1000 vezes pior, que ir a Roma e não ver o Papa. Seguiram-se um bom par de horas à mesa, sempre de copo cheio, a falar sobre vinho e, sobretudo, sobre o Alentejo. 

Como mandam os bons costumes alentejanos, foi sair de uma mesa e entrar noutra. Diretamente da mesa dos vinhos, para mesa do jantar. E que belíssimo restaurante tem esta herdade. Sim, eu sei que no Alentejo o difícil, é comer mal. Mas quando é bom, mesmo caindo na repetição, tem que se dizer é bom. E aqui, só as entradas meu deus. Era chouriço, farinheira, bacalhau, queijo(s) e mais umas 20 coisas (boas). É claro que os alentejanos passam muito tempo à mesa. Com tanta comida (e bebida) boa, é complicado sair da mesa. 

Já próximo da meia noite, voltámos ao nosso quarto. A chuva já tinha parado, mas aquele estupendo cheiro a terra molhada, que nos liga a ela, continuava bastante activo. Era noite de lua cheia, que iluminava toda a vinha em redor do nosso quarto. O céu estava gigante, sem luzes de civilização ao alcance do meu olhar. Feliz que quem, vive num país que tem coisas destas para oferecer.

Até breve Herdade dos Grous. Nem que seja no próximo copo.

Herdade dos Grous

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CONTACTOS

Herdade dos Grous

Albernôa
7800-601 Beja
Portugal

Site: www.herdade-dos-grous.com

E-Mail: info@herdade-dos-grous.com



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