Está um frio do caraças lá fora. Sim, eu sei que estão a pensar que Portugal tem um clima ameno. Para mim, tem um frio húmido e áspero que me faz procurar lugares com calor. Este frio que provoca desconforto e causa aconchego, anúncia a chegada do Natal e toda uma melancolia inigualável. É tempo de família, de comida da boa, de mais abraços e mais amor, enfim, é tempo de uma porrada de coisas, maioritariamente boas. Também é tempo de reflexões, entre o que se fez bem e mal, ao longo do ano, com influência direta no tamanho da carta ao Pai Natal. Gosto de refletir e gosto de escrever cartas ao Pai da Natal. Nesta fase da minha vida não é para pedir nada, é só para desabafar.

Sempre gostei muito do Natal. Por tudo. Pelo ambiente, pelas pessoas, pela árvore e luzes de Natal, pelo presépio com musgo a cheirar a campo, pelos doces, pelas férias (uma maravilha da juventude) e claro, pelas prendas. Os meus pais sempre foram muito mais generosos comigo no Natal. Não sei porquê e talvez nem eles saibam bem porquê. Talvez também eles invadidos pelo espírito da coisa. Mas se me perguntarem qual a melhor recordação que tenho do Natal, na minha infância, não vou dizer a tonelada de brinquedos que recebia. Vou dizer que a melhor recordação que tenho, aquela que me faz inspirar de saudade, era o dia em que íamos buscar o pinheiro de Natal, o musgo e que em casa, depois de um dia de campo, montávamos a coisa toda. Até parece que ainda consigo sentir os cheiros. Do pinheiro, do musgo, do campo, dos bonecos de cerâmica do presépio. Era sempre um dia memorável. Depois fui crescendo e essa rotina foi-se perdendo. Talvez pela juventude do sentimento e pela juventude da minha idade, passei anos sem sentir falta desse momento épico. Mas agora começo a perceber melhor o sentido da expressão que diz que a idade “tudo traz e tudo leva”. Com a chegada da Alice, tudo voltou. A árvore de Natal, os seus enfeites e as suas luzes, voltaram a brilhar com força. Como ela ainda é muito pequenina ainda não fomos apanhar musgo, nem fomos a uma feira comprar figuras para o presépio. Para o ano vamos com certeza. Mas todo aquele fascínio pelo Natal, voltou. Até voltei a escrever uma carta ao Pai Natal.

Espanta-me aqueles que dizem que o Natal já não é o que era. Que no tempo dos nossos avós é que era. No tempo em que os nossos pais se disfarçavam de Pai Natal é que era. E que a grande diferença para os tempos de hoje, é o amor, que na altura era maior. Bolas, e não somos nós que agora temos de nos disfarçar de Pai Natal, ir ao musgo e esperar que os nossos pais, agora avós, estejam inspirados para as histórias old school? Parece-me que sim. Bem, acho que acabei de fazer uma das minhas reflexões de Natal. E se eu gosto do Natal, a Liliana gosta mais. Acho que a nossa Alice não vai perder nada desta viagem.

Voltando à carta, o que eu pedi ao Pai Natal? Não digo. Eu levo o Natal muito a sério. Este assunto fica entre mim e o senhor das barbas. É tão bom sonhar, brincar, imaginar e amar. O Natal é tudo isso. 

Feliz Natal para todos.

 


 

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