Os dias de hoje são feitos de “modas”, umas boas e outras más. Uma das “boas” é misturar um estilo de vida saudável, com a forma como se visita e descobre um território. Nem precisa de ser um novo território, até pode ser o nosso. Apenas teremos uma diferente perspectiva sobre o mesmo.

Esta nova “moda” também chegou ao Tejo. E o Tejo parece-me um bom pano de fundo para uma bela caminhada. Com paisagens e lugares que contam histórias, histórias de um povo. A grande rota começa na aldeia de Alvega, quase junto à barragem de Belver e termina na vila de Constância, concelho vizinho de Abrantes, onde, curiosamente, o rio Zêzere encontra o rio Tejo. Numa primeira fase, ou primeira etapa, o caminho segue pela margem Sul do rio, pelas povoações de Alvega, Pego e Rossio ao Sul do Tejo, para numa segunda fase, cruzar o rio na ponte do Rossio, seguindo para a cidade de Abrantes, que oferece uma perspectiva diferente, atingindo o ponto mais alto do percurso. Esta segunda fase, segue pela margem Norte do rio, por Abrantes, Rio de Moinhos, Montalvo e Constância. Cada etapa ou fase, tem, sensivelmente 20km e com excepção da subida para a cidade, é quase sempre plano. É muito interessante a história que o caminho nos vai contanto. Primeiro atravessando pequenas zonas de cultivo, pequenas produções de vinha, olival ou sobreiro, com um Tejo com leito mais fechado e mais rochoso, passando também por aldeias com bastante carácter e bastante distintas entre si (acho incrível, com uma distância tão curta), como o Pego ou o Rossio. O Pego têm uma energia própria, com uma cultura de proximidade e de bairrismo, quase a merecer um estudo, que se sente numa simples passagem pelas suas ruas, até ao distinto Rossio (a minha terra), claramente marcada por um glorioso passado mercantil e industrial, muito fruto da sua importante localização junto ao…Tejo (peça chave!). Nos dias de hoje, ainda existe um grande património por explorar nesta minha terra. Quer industrial, quer arquitectónico. Muito dele devoluto, esperando uma nova vida. Mas a história está lá. No Rossio, entre as suas duas pontes, o rio volta a abrir. É numa dessas pontes, a rodoviária, que cruza a história desta rota e tudo se altera. Primeiro com a subida ao Castelo, ponto mais alto da cidade, onde a vista se perde no horizonte. Quase que conseguimos ver todo o percurso para Este. Entre as bonitas e apertadas ruas da cidade, o registo paisagístico da rota muda por completo. “Navegamos” entre casas senhoriais, talvez de antigos comerciantes, que colocariam os seus produtos em pequenos barcos para seguirem em direção a Lisboa. Quem sabe. Saindo do perímetro urbano da cidade, em direção à aldeia de Rio de Moinhos, pela margem Norte, as pequenas produções agrícolas terminam e seguimos por grandes terrenos agrícolas. É o entrar num Tejo diferente, e numa nova sub-região do meu Ribatejo. Estamos na Lezíria do Ribatejo. Numa planície aluvial, que permite classificar os terrenos como muito férteis. E será assim o caminho até Constância. Declive constante, por caminhos agrícolas, sempre com o Tejo a espreitar entre a vegetação. A chegada a Constância é só por si, uma história e um local de encontros. O Zêzere encontra-se com o Tejo. A Grande Rota do Tejo encontra-se com a do Zêzere. 

 

Esta história pertence ao projeto Retratos do Centro de Portugal. Vão ser construídos 365 retratos, 365 pequenas histórias, sobre toda a grande Região Centro de Portugal. Podem consultar todos os retratos aqui.

 

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