Fogo, a Ilha vulcão.

 

Calor árido, que não queima na pele, mas que se sente na pele. Que muitas vezes sufoca e tantas outras arrebata. Tinha acabado de chegar à ilha do Fogo. Estava no meio da pista do aeroporto, onde apenas pequenas aeronaves podem aterrar. Estava sentir pela primeira vez a ilha que queima.

Saí do aeroporto e entrei numa carrinha Hiace. Na verdade é uma carrinha normal, de 9 lugares, por acaso era mesmo uma Toyota Hiace, mas poderia ser de outra marca que continuaria a ser uma Hiace. Sim, segue a mesma lógica da Gillette. No rádio tocava uma música da Assol Garcia, no volante seguia o Miguel. Eu, que acabava de chegar de São Vicente, já me sentia em casa. O meu braço de fora, que transpirava de tranquilidade, era exemplo disso. 

Era manhã cedo,  e ainda na Hiace, entrava em São Filipe, a capital do Fogo. Pessoas por todo o lado. Umas a comprar, outras a vender. Todas as ruas pareciam ruas de um gigante mercado. Percebi que nem todos eram de São Filipe e que o dia em questão era uma espécie de dia chave da semana para escoar produto. Legumes, peixe, roupa ou utensílios para casa, toda a ilha tinha descido a São Filipe. São Filipe é diferente de qualquer cidade de Portugal e diferente de qualquer outra cidade que já visitei. Mas, senti-me num ambiente familiar. Talvez pela simpatia das pessoas, pelo estilo colonial da sua arquitetura que fazia lembrar uma qualquer telenovela brasileira de época ou porque sim, às vezes não é necessário uma explicação para tudo o que é sentimento novo. 

Vivem quase 40 mil pessoas na ilha do Fogo, praticamente as mesmas que vivem no meu concelho. No Fogo, é onde está o ponto mais alto de Cabo Verde. O Pico do Fogo, no alto dos seus 2829m, impressiona mais pela sua altura de que pelo seu poder de…fogo.  O Pico do Fogo, que se situa na cratera de um vulcão com o mesmo nome. Grande parte dos vulcões estão adormecidos, mas este Pico gosta de mostrar, com frequência, que está vivo. A última erupção foi em 2014. 

Depois de São Filipe e de percorrer quase todas as estradas e recantos a ilha, subi à cratera do Fogo. Bem, nunca fui à Lua, mas na minha imaginação surge como algo parecido com a cratera do Fogo. Uma espécie de paisagem dantesca, onde o real parece irreal. Visitei Chã das Caldeiras e Portela, duas aldeias localizadas no interior da cratera. Portela, em 2014, desapareceu com a lava. É inacreditável ver os topos das casas misturados com a lava arrefecida. 1000 pessoas ficaram desalojadas. E o mais incrível é que depois do vulcão acalmar na sua actividade, as pessoas voltaram à aldeia e voltaram a construir as suas casas em cima da lava solidificada. Sentado numa cadeira de um pequeno café de Chã das Caldeiras, perguntei ao sr. Ramiro: “porque voltaram, eu percebo que é a vossa terra, mas existe uma grande probabilidade de o vulcão voltar a “atacar”?”. Ele só abanou a cabeça, com uma afirmação em gestos “não sabes o que estás a dizer”, e lá me respondeu: “somos gente do Fogo, voltaremos a reconstruir as vezes que forem precisas, é aqui que nos sentimos bem”. Não sei o que faria no lugar desta gente, mas mais do que percebê-los, fiquei a admirá-los.

Voltei a São Filipe e com o pôr do sol, num lugar chamado Savana, admirei a ilha Brava. Meu próximo destino.

 

Calor árido, que não queima na pele, mas que se sente na pele. Que muitas vezes sufoca e tantas outras arrebata. Tinha acabado de chegar à ilha do Fogo. Estava no meio da pista do aeroporto, onde apenas pequenas aeronaves podem aterrar. Estava sentir pela primeira vez a ilha que queima.

Saí do aeroporto e entrei numa carrinha Hiace. Na verdade é uma carrinha normal, de 9 lugares, por acaso era mesmo uma Toyota Hiace, mas poderia ser de outra marca que continuaria a ser uma Hiace. Sim, segue a mesma lógica da Gillette. No rádio tocava uma música da Assol Garcia, no volante seguia o Miguel. Eu, que acabava de chegar de São Vicente, já me sentia em casa. O meu braço de fora, que transpirava de tranquilidade, era exemplo disso. 

Era manhã cedo,  e ainda na Hiace, entrava em São Filipe, a capital do Fogo. Pessoas por todo o lado. Umas a comprar, outras a vender. Todas as ruas pareciam ruas de um gigante mercado. Percebi que nem todos eram de São Filipe e que o dia em questão era uma espécie de dia chave da semana para escoar produto. Legumes, peixe, roupa ou utensílios para casa, toda a ilha tinha descido a São Filipe. São Filipe é diferente de qualquer cidade de Portugal e diferente de qualquer outra cidade que já visitei. Mas, senti-me num ambiente familiar. Talvez pela simpatia das pessoas, pelo estilo colonial da sua arquitetura que fazia lembrar uma qualquer telenovela brasileira de época ou porque sim, às vezes não é necessário uma explicação para tudo o que é sentimento novo. 

Vivem quase 40 mil pessoas na ilha do Fogo, praticamente as mesmas que vivem no meu concelho. No Fogo, é onde está o ponto mais alto de Cabo Verde. O Pico do Fogo, no alto dos seus 2829m, impressiona mais pela sua altura de que pelo seu poder de…fogo.  O Pico do Fogo, que se situa na cratera de um vulcão com o mesmo nome. Grande parte dos vulcões estão adormecidos, mas este Pico gosta de mostrar, com frequência, que está vivo. A última erupção foi em 2014. 

Depois de São Filipe e de percorrer quase todas as estradas e recantos a ilha, subi à cratera do Fogo. Bem, nunca fui à Lua, mas na minha imaginação surge como algo parecido com a cratera do Fogo. Uma espécie de paisagem dantesca, onde o real parece irreal. Visitei Chã das Caldeiras e Portela, duas aldeias localizadas no interior da cratera. Portela, em 2014, desapareceu com a lava. É inacreditável ver os topos das casas misturados com a lava arrefecida. 1000 pessoas ficaram desalojadas. E o mais incrível é que depois do vulcão acalmar na sua actividade, as pessoas voltaram à aldeia e voltaram a construir as suas casas em cima da lava solidificada. Sentado numa cadeira de um pequeno café de Chã das Caldeiras, perguntei ao sr. Ramiro: “porque voltaram, eu percebo que é a vossa terra, mas existe uma grande probabilidade de o vulcão voltar a “atacar”?”. Ele só abanou a cabeça, com uma afirmação em gestos “não sabes o que estás a dizer”, e lá me respondeu: “somos gente do Fogo, voltaremos a reconstruir as vezes que forem precisas, é aqui que nos sentimos bem”. Não sei o que faria no lugar desta gente, mas mais do que percebê-los, fiquei a admirá-los.

Voltei a São Filipe e com o pôr do sol, num lugar chamado Savana, admirei a ilha Brava. Meu próximo destino.

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