Abrantes, o lugar onde nasci, onde vivo, o lugar onde vivem as pessoas que mais gosto. A minha cidade, o lugar onde me sinto melhor. O lugar que mais gosto.

Abrantes, o meu lugar, para mim, é assim:

A Norte uma paisagem e cultura de Beira Interior, de Pinhal Interior, com a presença do rio Zêzere e da albufeira do Castelo de Bode a ajudar à festa. Tem desníveis mais acentuados, é mais frio, uma paisagem mais fechada, as pessoas comem maranhos e peixe do rio, falam e têm uma forma de estar diferente das gentes do Sul. Muito por culpa do lindíssimo lago que tem à sua frente. Tem um potencial gigante. Adoro andar por ali. Depois, caminhando ou neste caso, conduzindo para o Sul, chegamos à cidade e localidades próximas do rio. Claramente Lezíria do Ribatejo. É precisamente nesta zona, que o leito do rio se torna menos rochoso, e menos fechado, tornando os campos mais férteis, bem visível nos campos agrícolas de Tramagal e Rio de Moinhos. No limite centro/Este do concelho, Abrantes também faz fronteira, não só com outros concelhos, mas também com outra região (e outra cultura), o Alto Alentejo. E ainda estamos a meio da viagem, a Sul entramos em território de planície, completamente distinto do Norte, e a cultura do sobreiro, dá-lhe ares de Alentejo. Quer dizer, não são só ares. Na aldeia mais a Sul do concelho, a Água Travessa, que por acaso é a aldeia da minha Liliana (espera lá, eu ser do Rossio e do centro, e ela ser do sul, também pode ser influenciador para este meu abrir de olhos, pelo menos para este sub-tema), o extremo Sul da aldeia faz fronteira com o Alentejo e o extremo Oeste faz fronteira com o Ribatejo puro (concelho da Chamusca, existe lá cavalos e touros). Percebem a diferença? Os campos aqui abertos, de grandes dimensões e planos. As pessoas aqui comem comida alentejana, ensopado de borrego e afins, falam meio alentejano e até o tempo parece que passa de uma forma diferente. Ora bem, esta viagem de Norte a Sul, e sem sair de Abrantes, são apenas 40km. E nestes 40km, podemos ver e viver todas estas diferenças. Percebem a graça que isto tem? Agora imaginem como fiquei quando fiz este percurso pela primeira vez. Sim, fiquei deslumbrado. De coração que fiquei.

 

Esta história pertence ao projeto Retratos do Centro de Portugal. Vão ser construídos 365 retratos, 365 pequenas histórias, sobre toda a grande Região Centro de Portugal. Podem consultar todos os retratos aqui.

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