Nasci no Hospital “velho” de Abrantes no dia 19 de Outubro de 1984. Não faço ideia se estava chuva ou estava sol nesse dia. Mas sempre me pareceu um bom dia para nascer. O meu parto foi meio complicado, tinha o cordão umbilical enrolado no meu pescoço, mas felizmente correu tudo bem. Nasci saudável. Não sei quantos dias passei no hospital depois de nascer. Nunca perguntei aos meus pais. Cálculo que passados dois ou três dias já estava em casa. Na altura, a casa dos meus pais era na Rua Avelar Machado (na EN118). Uma casa verde, com uma enorme varanda, encastrada na Fundição (unidade industrial que se dedica à fundição de ferro fundido). Nessa época, em frente a esta casa verde, que chamava de minha, estava uma horta, com um pequeno portão verde gasto, que se estendia até ao campo de futebol. Logo ao lado da horta estava a Quinta das Tílias (que ainda existe), que sempre tive como um lugar lindíssimo, daqueles só existem em filmes. Acredito que passados dois ou três dias do meu nascimento, os meus pais foram ao cartório oficializar a minha presença neste mundo maluco e divertido. Na altura, numa espécie de vale tudo, registaram o meu nascimento na mesma terra à qual pertencia a nossa casa verde. Rossio ao Sul do Tejo. Este nome surgiu na cédula de nascimento e todos os bilhetes de identidade que tive, como lugar onde eu nasci. Na verdade, não foi. Mas nem imaginam o orgulho que eu tinha em mostrar a todos que no meu bilhete de identidade estava escrito que tinha nascido no Rossio. Esta história é sobre memórias. As primeiras. Memórias que me prendem a este lugar, de uma forma tão forte, que considero impossível de separar. Muitas vezes digo que devo ser o viajante mais caseiro do mundo. Rossio ao Sul do Tejo e as minhas primeiras memórias, são os grandes culpados desse sentimento, que tem tanto de sincero como de consolidado. Esta terra é a minha casa. Espero que a vida nunca me leve muito tempo para longe dela.

 

Esta história pertence ao projeto Retratos do Centro de Portugal. Vão ser construídos 365 retratos, 365 pequenas histórias, sobre toda a grande Região Centro de Portugal. Podem consultar todos os retratos aqui.

 

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