Casa do Foral. Casa do séc. XIX, convertida em Turismo de Habitação. Com traço ribatejano, mas com alma multicultural. Fica em Rio Maior, Ribatejo, a 25km da capital de distrito, Santarém. Tem coração ribatejano, mas é inspirada (ou influenciada) por diferentes culturas e paisagens. Fica na “porta” Sul do, interessantíssimo, Parque Natural das Serras d’Aire e Candeeiros, e a “dois passos” da Costa Atlântica (Peniche, Foz do Arelho e Nazaré, por exemplo). Dois pontos, culturalmente, bem distantes da Lezíria, touros, cavalos e Fandango do Ribatejo. Estas diferentes influências tornam difícil revelar um identidade forte, mas não vejo isso como mau, vejo como diferente e muito interessante. Estive lá no final Janeiro e gostei muito.

Cheguei num dia de chuva à Casa do Foral e à minha espera estava a Rosa Maria. Para mim o primeiro impacto é fundamental. Muitas vezes estes novos espaços de turismo tendem a ser tão operacionais e responder a tudo de uma forma bastante oleada, que caem no erro da industrialização. Mas para mim, o turismo, não é isso. É a experiência. E quanto mais genuína for, mais rica é. Volto à Rosa Maria. Recebeu-me como se recebe um primo, de que se gosta muito, mas que não via há muito. Recebeu-me não num hotel ou empresa, recebeu-me em sua casa. Percebi logo, o que iria encontrar ali. Verdade. Encontrei verdade e prazer genuíno em receber. Percebi que a experiência estava garantida. Para mim as viagens são isto, emoções e partilha.

Para além do sorriso sincero, a Rosa Maria recebeu-me com um chá e dois dedos de conversa (na verdade foi uma mão inteira de conversa 😉 ), numa bonita sala, com vista para o jardim e para a piscina. A Rosa vive na Casa do Foral, no piso superior ao piso dos quartos. É literalmente receber alguém em sua casa. Historicamente, este conceito de Turismo de Habitação, batia muito no ponto da manutenção de casas senhoriais ou apalaçadas. Uma boa forma recuperar e manter o património e histórias de família. Se no passado este era ponto base da questão, no presente o Turismo de Habitação é, para mim, o conceito do futuro. A experiência e autenticidade é o novo luxo. Não basta sair de casa e ir para um sitio diferente. É preciso receber algo genuíno e forte em troca. E se forem os próprios donos casa a contar a história da casa, a recomendar o que existe bom para viver ali perto, tanto melhor. É como as experiências ligadas ao vinho. Não basta beber um vinho, quero ouvir as histórias de quem o produziu e, se possível, no local onde foi produzido. Para mim, a Casa do Foral  é isto. É viver a história, dentro da história. É um pequeno universo paralelo, dentro da cidade de Rio Maior.

No final do chá (e da conversa), a Rosa foi-me apresentar o resto da casa e o meu quarto. A Casa do Foral tem 6 quartos, amplos e todos com casa de banho privativa. Localizados em longos corredores que dividem o piso térreo da casa. Depois de me instalar no quarto, a Rosa disse-me: “o proprietário da casa, Carlos Madeira, chegou agora e gostava de lhe dar uma palavrinha”. É claro que minha boca saiu um claro que sim, mas muito longe de saber o que vinha aí. Estava à minha espera numa muito bonita e grande sala da Casa do Foral. Com decoração em tons de castanho, bastante cuidada e acolhedora, estava o Eng. Carlos à minha espera junto à lareira. Como diria alguém muito sábio da minha terra, “é uma jóia de pessoa”. Aquilo que eu pensava ser apenas um “bem-vindo”, rapidamente se tornou numa conversa de dois amigos, que se conheceram à pouco, mas com muito em comum. Aquela conversa habitual e meia fria de recepção, revelou-se uma conversa de horas, de muitos sorrisos e descobertas. Ambos adoramos ouvir e contar histórias. Mas a determinada altura tive de me calar, porque percebi a riqueza que estava ali. Tal como num bom livro de aventuras, ouvi histórias de viagens desde o mar de Aral no Casaquistão, ao lago Tipicaca no Perú ou as ilhas de Bazaruto em Moçambique. Estava deliciado a viajar junto à lareira da sala da Casa do Foral. Existem hotéis com SPAs e campos de golfe, a Casa do Foral, tem a Rosa Maria e o Carlos Madeira (pelo menos, existem mais pessoas por lá que não conheci). Enquanto estes dois elementos fizerem parte da Casa do foral, a experiência está garantida. O Eng. Carlos é um senhor de meia idade, filho de mãe inglesa e pai português, vive entre Lisboa, Rio Maior e o resto do Mundo, e é uma das pessoas mais interessantes que conheci nos últimos tempos. Sobre Rio Maior diz o mesmo que eu diria sobre a minha terra, não tem a Torre Eiffel ou as Pirâmides do Egipto, mas tem coisas que mais nenhuma outra tem. É a nossa casa e são as nossas raízes. 

Já era noite feita, quando saí da sala da Casa do Foral. Pouco mais tarde saí para jantar, ainda a recordar a conversa da tarde.

Dormi como um santo e de manhã cedo saí em direção dos pontos que fazem de Rio Maior um local diferente. Primeiro, a paisagem inóspita das Serras d’Aire e Candeeiros e depois as praias da Costa Atlântica, Foz do Arelho, São Martinho e Nazaré. Impressionante como num raio de 50km se conseguem viver e ver, culturas e paisagens tão distintas. Tudo isto a 45 minutos de Lisboa. Esta multiculturalidade não distingue apenas Rio Maior entre as demais cidades, distingue Portugal entre os demais, País tão pequeno, tão diverso e tão rico nestas curtas fronteiras culturais.

Para finalizar, só me resta dizer, para irem, quem sabe, imediatamente para esta Casa do Foral, que considero um pequeno e rico segredo que felizmente acabei de descobrir.

5 EXPERIÊNCIAS (obrigatórias) QUE TEM DE TER PERTO DA CASA DO FORAL

#COSTA ATLÂNTICA

Em pouco mais de 30km chega à Foz do Arelho e esse pode ser o ser ponto de partida para um bom momento junto ao mar. Para Sul, Peniche, para Norte, São Martinho e Nazaré. Paisagens deslumbrantes, banhos e mergulhos, surf e caminhadas, e peixe e marisco do melhor que existe no mundo. Vale isto tudo.

#SALINAS DE RIO MAIOR

Têm mais de 800 anos de histórias para contar. Principal atração turística de Rio Maior. Têm a particularidade de serem salinas de interior, longe do mar salgado. Pelos menos um pacote de sal e 3 fotos junto às salinas, são pontos obrigatórios.

#PARQUE NATURAL DAS SERRAS D’AIRE E CANDEEIROS

Meu conselho, ir sem mapa. Para explorar. Caminhos pedestres, trilhos para BTT, grutas, hortas divididas por pequenos muros, paisagens de cortar a respiração, comida do melhor…para mim, uma pequena pérola.

#RESTAURANTE MAELUISA

Fica em Arrouquelas, a cerca de 10km da Casa do Foral. Só trabalha à 6a, Sábado e Domingo. Um conceito muito diferente (live cooking), mas carregado de qualidade.  Não se esqueçam de reservar.

#TRIÂNGULO CULTURAL: ÓBIDOS, ALCOBAÇA E BATALHA

Se individualmente cada um destes pontos, visitados em conjunto, por ser considerado de outro Mundo. Comece pela linda e acastelada vila de Óbidos (a 20 min. de carro da Casa do Foral), passando depois pelos, Património Mundial, Mosteiro de Alcobaça e Mosteiro da Batalha. De uma riqueza, falando em experiência, gigante.


CONTACTOS


Casa do Foral

Rua da Boavista, 10 – 2040-302 Rio Maior – Portugal

Tel.:243 992 610

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