Mar de Serra. O nome, faz sentido. Uma pequena casinha (na verdade são duas), imersa no Parque Natural das Serras d’Aire e Candeeiros (PNSAC). Tão perto e tão longe do mundo das pessoas, das luzes e dos carros. Já estou a adiantar o final, é uma espécie de mergulho na Natureza, este Mar de Serra. 

Curiosamente cheguei ao Mar de Serra vindo, literalmente, do mar (sim, aquele de água salgada). E logo do gigante mar da Nazaré. Esta casinha mergulhada no verde áspero, provocado pela mistura tão típica desta região, de vegetação e pedra, fica a pouco mais de 25km do “verdadeiro” mar salgado e a 5 minutos da cidade de Rio Maior. Cheguei num início de tarde cinzento e com alguma chuva. A entrada é feita através de uma estrada de terra batida. Quase como que se de um pequeno segredo se tratasse, um pequeno desvio na estrada nacional (sim, a de alcatrão) e uma cancela a ultrapassar. Começa o caminho para o Mar de Serra. A entrada passa meio despercebida (sim, demorei um pouco a encontrá-la 😉 ), mas esse também é um dos pontos a favor. Ninguém vê ou imagina o que vai encontrar. Tornando, também, a experiência desprovida de estranhos, para a imersão ser completa. Cerca de 500m depois lá encontro o Mar de Serra. Duas casas de madeira ligadas, estilo chalé, num “piso” superior ao da estrada e com uma varanda enorme, como que se de um anfiteatro se tratasse. 5 min depois confirmei a teoria do “anfiteatro”. Um vista lindíssima para serra, com uns toques de luz provocados pela sociedade bem lá ao longe. Achei muito particular este primeiro impacto. Senti-me, tal como um bom filme de ficção científica a entrar num universo paralelo. 500m atrás estava numa normal estrada portuguesa, com carros, agitação, barulho ou pessoas, e em 2 minutos, entrei num espaço imerso pelo verde (e cinzento, cor da muita pedra que existe por aqui), onde o silêncio é quase total, espaço de uma tranquilidade imensa. Assim que entrei na casa, vi que não existia internet e nem arrisquei a ligar a televisão. Este espaço, se tivesse livro de instruções diria: “Para a experiência ser completa, utilizar com cuidado”. Não com o cuidado de ser frágil, mas com o cuidado de ser diferente. Diferente do mundo “lá fora”, que muitas vezes é preciso desligar. Este lugar é perfeito para isso.

A minha casinha tem um sala com cozinha, com uma janela/envidraçado gigante a substituir a parede que faz ligação para a varanda. Muita luz e parece que a nossa sala é parte integrante da serra. Depois tem um quarto e casa de banho. Tudo muito simples, mas o simples, aqui, é perfeito. Para as noites frias, que foi o caso da minha noite por lá, ainda tem uma lareira. Que mais do que me aquecer, foi a minha companhia da noite, juntamente com um livro e um copo de vinho. Estão a ver o cenário? 2017, no meio da serra, sozinho, copo de vinho, calor da fogueira, um bom livro, apenas com barulho da madeira a arder. Parece tão simples, mas é tão difícil encontrar momentos como este nos agitados dias que correm à velocidade da luz. Estes momentos devolvem-nos um pouco nós. Dormi como um pequeno anjo, ao som da chuva. A simplicidade das coisas, por vezes, é maravilhosa.

No manhã do dia seguinte a chuva acalmou e era tempo de explorar o PNSAC. Já conhecia esta zona relativamente bem. Acho que tem um potencial gigante, com tanto por descobrir e, parece-me mim, ainda território desconhecido para muitos. É um autêntico parque de diversões para quem gosta de Natureza e de grandes espaços. Tem imenso para oferecer e com uma localização quase perfeita para complementar com outros interesses (uma espécie de vai e vem, serra-património, serra-mar). Em redor do PNSAC temos alguns colossos da história nacional, como os Património Mundial, Mosteiro de Alcobaça, Mosteiro da Batalha e Convento de Cristo (em Tomar). Ainda para visitar, o imponente Santuário de Fátima e os interessantes castelos de Porto de Mós e Ourém. E posso também voltar ao assunto mar, que fica a pouco mais de 20km a Oeste do PNSAC. Acredito que num dia de céu limpo, num dos pontos mais altos do Parque, seja possível avistar o mar a partir da serra.

Este Mar de Serra, onde o simples é perfeito, é lugar ideal para desligar do mundo agitado “lá fora”. Ideal também para a descoberta deste Parque Nacional das Serras de Aire e Candeeiros. (ainda) Uma espécie de pequeno segredo para descobrir, bem no centro de Portugal e quase colado ao mar.Para descobrir no PNSAC:

#BICICLETA

Serra e bicicleta, andam de mãos dadas. Para mim, uma das melhores formas de conhecer um território. Se a bicicleta de estrada pode ser interessante, sobretudo na ligação entre povoações (por exemplo, ligar Rio Maior a Porto de Mós, pelo vale Oeste do PNSAC), a bicicleta de montanha (BTT), aqui é rainha. Existem mais de 500 de trilhos marcados e existem duas hipóteses: se gosta de bicicleta, não sai querer sair de lá; se não gosta de bicicleta, vai passar a gostar e não querer sair de lá (certo? 😉 ). É um pequeno paraíso. Existem dois Centros de BTT que “alimentam” os percursos e dão apoio logístico (lavagem de bicicletas, informação de percursos, etc), mais a Norte, o Centro de BTT da Pia do Urso e a mais a Sul, o Centro de BTT de Alcanena. Lembrar que o PNSAC apenas tem 35km de distância máxima, de Norte a Sul, portanto é fácil a deslocação dentro do Parque. Existem percursos para todos, do mais exigente, ao mais acessível (como por exemplo, o bonito trilho circular que liga Bezerra a Porto de Mós, antigo caminho ferroviário da mina de carvão de Bezerra). Se não gostar, de todo (ou não souber andar), de bicicleta, todos estes caminhos podem ser feitos a pé (também vale e também é bonito).

Centro de BTT da Pia do Urso +info

Centro de BTT de Alcanena +info

#GRUTAS

Existem imensas e para diferentes níveis de visitação. Para os mais exigentes, existem várias empresas que vos poderão acompanhar, por exemplo à interessante gruta do Algar da Pena. Para aqueles que apenas querem andar um tempo, sem grandes preocupações, a explorar o mundo subterrâneo, existem várias hipóteses, como as comerciais grutas de Mira de Aire ou de Santo António (Alvados).

#ESCALADA

Mais uma vez, existem hipóteses para diferentes níveis. Para iniciantes em Chãos (uma pequena povoação muito interessante e bem próxima do Mar de Serra) e para mais experientes em Reguengo do Fétal. Eu não gosto muito de alturas, mas já estivesse nestas duas paredes. Caso não se aventure na escalada, são dois lugares muito bonitos.

#PANORAMICAS 

Uma coisa que não pode faltar numa visita ao Mar de Serra e ao PNSAC é uma máquina fotográfica. Suba a um topo e deslumbre-se com a paisagem. Existem muitas (boas) hipóteses, como, por exemplo, vista para o “mar” de Minde (no Inverno o vale fica alagado com a queda de água do topo da serra, formando um autêntico mar), ou a vista sobre o (lindíssimo) vale de Alvados. 

#FÓRNEA

Para mim, o mais bonito local do PNSAC. Anfiteatro natural da serra. Muito interessante. Aconselho a fazer o trilho em volta da Fórnea. O PR6, com inicio e fim junto ao Café da Bica em Alcaria, abrange 3 formas geológicas, a depressão de Alvados, o Castelejo e a Fórnea.

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#CENTRO DE CIÊNCIA VIVA DO ALVIELA (CARSOSCÓPIO) 

Obrigatório. Aconselho como último local a visitar. Depois de uma exploração do PNSAC, vai perceber tudo o que acabou de ver (a formação do PNSAC) e desejar voltar rapidamente, com outro olhar. Se voltar com amigos, pode sempre impressioná-los com algumas tiradas cientificas (gosto muito de fazer isso 😉 ). Fica na Praia Fluvial do Olhos de Água, junto à nascente do rio Alviela (local também muito interessante).

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